Primeiro dia que não é o primeiro dia. É o primeiro dia em que este blog passa a palavra escrita porque ele já anda na minha cabeça há dias. Com esta clausura acabam por me passar coisas estranhas pela mente e pensei: «Que se lixe, vou passar estes barulhos para o mundo». Na realidade «lixe» não foi a palavra que me ocorreu. Mas os meus pais vão ler isto. Pelo menos eles. Pelo menos esta primeira entrada.
Escrevo daqui do primeiro andar direito do prédio pombalino com a pintura mais esbatida cá da rua. Daqui da casa onde moro e que agora é o mundo em que circulo. Sediei aqui a minha zona de conforto e a minha zona de desconforto também.
É que esta coisa de estar em casa é muito romântica vista ao longe. Sempre quis trabalhar em casa e passar mais tempo com os meus livros e com os meus tachos. Mas agora que estou, pelo motivo que estou, sabe assim a um molho agridoce já fora de prazo.
Tal como o molho agridoce dou por mim em extremos. Ora choro a rir com uma tirada humorística de um livro ou com uma piada televisiva que dantes só me fazia sorrir, ora me comovo com um vídeo de qualquer pessoa a cantar numa varanda qualquer. Tanto choro a cortar cebola como a partir uma cabeça de nabo. Mas, na maior parte do tempo, até acho que estou com alguma sanidade mental.